domingo, 20 de junho de 2010

Reflexos

Não sei porque vim aqui hoje. Não tenho vontade de contar nada. Estou com sono. É domingo. Estou hospedada num hotel beira de estrada. Sinto a falta. A falta de um não sei o quê. Deve ser o tal vazio da existência. Não sei se posso chamar a essa falta de dor. Acho que ausencias não me causam dor, nem culpa, apenas uma tristeza. Tristeza pela carencia dos encontros marcantes que acontecem raramente na vida. Todo mundo sabe reconhecer esses momentos. Mas ao mesmo tempo, eu sinto a vida pulsando, transitória.

Como os dias passaram rápido. Ou será que passaram lentamente? Algúem me disse que na vida há tempo para tudo. Mas eu vi meu avô desanimado com a vida e abatido pela doença, dizer que não havia mais tempo para mais nada. Deve ser por isso que eu adoro encontrar velhinhos animados e muito ativos. Às vezes, eu fico com vergonha de não ter a mesma energia que os mais velhos, mas um dia eu chego lá. Será que a gente se transforma quando fica velho? Os hábitos, com certeza. Acho que estamos sempre nos transformando. Espero mudar pra melhor e que muita gente goste de mim. Percebo em mim essa vontade de agradar o tempo inteiro. É muito difícil, mas Deus sabe que eu me esforço. Ainda acredito que vale a pena fazer o bem.

Agora queria me manter aqui para sempre. Esse desejo de fazer assim mesmo, exatamente igual. Se eu passasse por aqui um milhão de vez, por um milhão de vez, escolheria escrever e não dormir, mesmo estando com sono. Eu luto contra mim, contra o cansaço. Sei que acabarei vencida porque não estou falando sobre absolutamente nada de especial. Apenas externando minhas neuroses. Eu estou pensando alto, na verdade, estou pensando com meus dedos. Mais o pensamento voa.

O homem mais velho corre contra o tempo, quando sente que tem pouco tempo de vida. Talvez sintam que precisem deixar algo de si. Os jovens sentem...que sempre temos uma vida inteira pela frente.

Eu não tenho nenhuma religião. Mas tenho certeza de que a alma e o espirito existem. Guardo desejos secretos: alimento a crença de que retornamos sempre, mas de várias formas diferentes, para existir neste mundo aqui. Isso porque eu acho que experimentar às muitas condições de existência é a coisa mais preciosa que poderia acontecer a qualquer um de nós, pois nessa vida sinto a impossibilidade de viver a vida de outros, mas tenho apenas a minha. Não seria incrível poder viver várias vidas em uma só? Aventurar-se por ai, sem ter uma única identidade. Não estou propondo ser esquizo,mas permitir olhar por vários ângulos, e escolher aquele que mais me agrade. Melhor que qualquer paraíso ou inferno.

Amanhã avião. De volta para casa. Casa? Existe isso na minha vida? Acho que por enquanto sim. Por pouco tempo. Eu vejo por ai, as pessoas abastadas, cheias de petulância, eu sempre imagino elas perdendo tudo. Sempre imagino se um rico saberia ser pobre. Uma menina pobre como eu, sempre sabe como se comportar como rica.

Eu não conheço bem a história da minha família, mas eu sinto que sua parte pobre, ficará rica. Questão de tempo. E a parte rica ficará arruinada.

A Culpa, não foi minha.

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