segunda-feira, 14 de outubro de 2013

pequena mostra de mim para uma análise

Sinto falta da análise. Da escuta para a minha fala. O que eu quero dizer? Sinto falta da palavra, como quem sente falta de ter um esconderijo. Um lugar em que ninguém me acha, quero dizer, aqui eu me acho. Eu acho a direção. Não, eu nem sei como cheguei até aqui. Lembro-me apenas que entrei por uma rua e fui subindo por becos e vielas, que cumprimentava muita gente estranha pelo caminho dessa favela cheia de casas coloridas e que ao final cheguei ao topo do morro. E'bem divertida a escalada. Toda a vez que se sobe a favela, se desce com histórias para contar. E eu adoro ouvir e contar histórias. Eu sempre fui boa com os outros, mas nem sempre comigo mesma. Se é que isso é possível. Quando eu fui má comigo, fui má com os outros. Quando eu quero me destruir é porque tenho raiva de mim e dos outros. Mas tudo o que a gente deseja é amar e ser amado. Não se pode ser amado, sem aprender a amar. Quero dizer que as pessoas sempre pareceram gostar muito de mim, embora eu mesma não gostasse de mim. Algumas delas, brigaram comigo por eu não saber caminhar sozinha, como se eu as tivesse atrapalhando na sua própria caminhada. Dai, resolvi caminhar sozinha. Às vezes, eu sei que eu as estou manipulando, e que elas estão permitindo, e que estão gostando, ou parecem gostar, ou não sabem se gostam. Enfim, isso aqui é papo de maluco mesmo. Sei que ninguém vai ler essa porcaria. Talvez leiam. Talvez falem mal. Talvez gostem. Talvez detestem. Talvez sejam indiferentes. Ah! Quem se importa? Eu me importo. Parece que não estou, nem ai, mais eu me importo com o que eu tenho a dizer. Eu levo a serio a minha loucura. Eu não faço a menor ideia de onde isso vai dar, mas eu sinto que devo seguir em frente. É parece abstrato, mas é tudo muito concreto. Parece muito discreto e sensato, mas é absolutamente insano. Já percebi que tem uma voz dentro de mim que pergunta, e outra que responde. Eu poderia dar-lhes nomes. Um nome para aquela que pergunta, e um nome para aquela que responde. Mas nem sempre a que pergunta é a que responde. Então, não poderiam ter o mesmo nome? Não, porque são diferentes entre si, mas são mais parecidas entre si do que imaginam. Elas duas resultam em uma. "Eu". Então, concluo que eu sou pelo menos três vozes. E essas três, quase sempre estão brigando entre si. Tem uma que sempre quer conciliar tudo, detesta conflitos, quer sempre concordar e dizer que sim, quer deixar todo mundo feliz, mas ela quase sempre acaba exaurida, exausta, quando ouve o não da segunda voz. Quando a primeira que quer dizer sim para tudo e todos, vence, a terceira fica bastante aliviada, apesar de depois ter uma baita dor de cabeça. Quando a outra que diz não, vence, a terceira sente-se contrariada e culpada, como se estivesse em dívida com o mundo, mas depois fica aliviada. Confuso, né? É a minha mente. Ela funciona mais ou menos assim. Não sei se a de todo mundo é igual. Mas a minha, é assim. Ela é teimosa. Ela está sempre brigando. Raramente está em paz. Ela é inquieta. Ela quase não tem certezas.

domingo, 20 de junho de 2010

Reflexos

Não sei porque vim aqui hoje. Não tenho vontade de contar nada. Estou com sono. É domingo. Estou hospedada num hotel beira de estrada. Sinto a falta. A falta de um não sei o quê. Deve ser o tal vazio da existência. Não sei se posso chamar a essa falta de dor. Acho que ausencias não me causam dor, nem culpa, apenas uma tristeza. Tristeza pela carencia dos encontros marcantes que acontecem raramente na vida. Todo mundo sabe reconhecer esses momentos. Mas ao mesmo tempo, eu sinto a vida pulsando, transitória.

Como os dias passaram rápido. Ou será que passaram lentamente? Algúem me disse que na vida há tempo para tudo. Mas eu vi meu avô desanimado com a vida e abatido pela doença, dizer que não havia mais tempo para mais nada. Deve ser por isso que eu adoro encontrar velhinhos animados e muito ativos. Às vezes, eu fico com vergonha de não ter a mesma energia que os mais velhos, mas um dia eu chego lá. Será que a gente se transforma quando fica velho? Os hábitos, com certeza. Acho que estamos sempre nos transformando. Espero mudar pra melhor e que muita gente goste de mim. Percebo em mim essa vontade de agradar o tempo inteiro. É muito difícil, mas Deus sabe que eu me esforço. Ainda acredito que vale a pena fazer o bem.

Agora queria me manter aqui para sempre. Esse desejo de fazer assim mesmo, exatamente igual. Se eu passasse por aqui um milhão de vez, por um milhão de vez, escolheria escrever e não dormir, mesmo estando com sono. Eu luto contra mim, contra o cansaço. Sei que acabarei vencida porque não estou falando sobre absolutamente nada de especial. Apenas externando minhas neuroses. Eu estou pensando alto, na verdade, estou pensando com meus dedos. Mais o pensamento voa.

O homem mais velho corre contra o tempo, quando sente que tem pouco tempo de vida. Talvez sintam que precisem deixar algo de si. Os jovens sentem...que sempre temos uma vida inteira pela frente.

Eu não tenho nenhuma religião. Mas tenho certeza de que a alma e o espirito existem. Guardo desejos secretos: alimento a crença de que retornamos sempre, mas de várias formas diferentes, para existir neste mundo aqui. Isso porque eu acho que experimentar às muitas condições de existência é a coisa mais preciosa que poderia acontecer a qualquer um de nós, pois nessa vida sinto a impossibilidade de viver a vida de outros, mas tenho apenas a minha. Não seria incrível poder viver várias vidas em uma só? Aventurar-se por ai, sem ter uma única identidade. Não estou propondo ser esquizo,mas permitir olhar por vários ângulos, e escolher aquele que mais me agrade. Melhor que qualquer paraíso ou inferno.

Amanhã avião. De volta para casa. Casa? Existe isso na minha vida? Acho que por enquanto sim. Por pouco tempo. Eu vejo por ai, as pessoas abastadas, cheias de petulância, eu sempre imagino elas perdendo tudo. Sempre imagino se um rico saberia ser pobre. Uma menina pobre como eu, sempre sabe como se comportar como rica.

Eu não conheço bem a história da minha família, mas eu sinto que sua parte pobre, ficará rica. Questão de tempo. E a parte rica ficará arruinada.

A Culpa, não foi minha.

sábado, 19 de junho de 2010

Tenho a prática do diário desde os meus 10 anos de idade. Quando ganhei meu primeiro bloquinho de notas e me prontifiquei a escrever sobre tudo o que eu achava de interessante. Guardava nele os meus segredos mais intimos. Eram, basicamente, fatos e fofocas sobre a minha família, alguma coisa sobre os vizinhos e a escola. Foi a partir do meu diário que eu passei a conhecer o meu pensamento sobre o mundo.

O engraçado é que eu, apesar da pouca idade, já tinha algumas certezas. Muitos sonhos e milhares de dúvidas. Mas como toda criança eu me sentia onipotente, forte e mágica! Eu atribuia a mim poderes divinatórios desde os 8 anos de idade, mas eu nunca soube muito bem o que fazer com essa força. Sempre reconheci pessoas fortes. Eu gostava de ser popular e saber se a curiosidade também fazia parte da vida dos outros. Que certeza meus amigos teriam? Quais eram suas dúvidas? O que eu poderia aprender com eles? O que havia em mim de especial capaz de atrair a atenção dos outros? Acho que estava buscando meus talentos...Eu gostava de desenhar e até ganhei um concurso na escola. Mas depois apareceram dois irmãos gêmeos que desenhavam muito melhor do que eu...fiquei para trás. Depois eu descobri, que ao primeiro sinal do talento dos meninos, o pai deles colocou os meninos num curso de desenho.

A prática de manter um diário se resume em registrar os fatos com o máximo de verossimilhança. Tal como a gente se lembra de ter acontecido na hora exata. Há que exercitar o poder da descrição e do detalhamento, que é contrária a síntese.

Agora eu me sinto mais livre, muito mais livre para tornar público os meus pensamentos e idéias.

Existem duas pessoas que eu admiro na minha vida hoje. Eu estou aprendendo muito com elas. Falarei delas no momento mais oportuno. Mas posso adiantar porque as admiro. Acho que todo mundo admira quem tem carisma, mas há pessoas com carisma, que são admiradas por uma maioria, mas que não me satisfazem, não me apetecem em nada. Estas duas personalidades tem carisma. E por algum motivo, fui eleita para ficar ao lado delas. O problema é que eu também queria ter essa aura, e por alguma razão, estou sentindo que não tenho. Na verdade, eu sou avessa as multidões, a fúria e a paixão do público. Não saberia lidar com isso, que não é racional.

Quero voltar para casa. Preciso rever meu analista, meu namorado. Meu namorado não é meu analista, longe disso! Projeções.
Acho que estou bastante confusa.